sábado, 16 de outubro de 2010

A questão das Coréias


01/01/1951


Nas Nações Unidas, todos no Conselho de Segurança concordam com a unificação de ambas as Coréias através de uma eleição geral, exceto a URSS. Assim suas ações de apoio à Coréia do Sul, enviando tropas, seria uma forma de garantir a segurança e autonomia daquela parte diante as ameaças de invasões e a fragilidade no pós-guerra. Os norte-americanos afirmam que as Nações Unidas estão sendo vítimas de um complô, formado por Iugoslávia e URSS, assim ficando “encurralados” em suas ações. O delegado dos Estados Unidos da América levantou a seguinte questão: “Qual será a autoridade das Nações Unidas caso cedam aos desejos norte-coreanos e soviéticos?”

Em resposta, a delegada da URSS fez declarações extremamente comprometedoras: ”A França faz calúnias ao acusar Stalin e qualquer um que fale mal do glorioso Stalin merece ser fuzilado”. Após essa afirmação inadequada está mais que comprovado que a questão da segurança na região das Coréias é de extrema importância e necessita de uma medida mais forte para solucioná-la, como declarou o delegado dos Estados Unidos da América.

Declaração do Partido Comunista Italiano



O Partido Comunista Italiano condena veemente a postura da ONU que neste momento encontra-se aliada à marcha negra imperialista que insiste em ameaçar a paz e prosperidade da Coreia.
Nós clamamos pela união de todos os partidos comunistas, nações e trabalhadores de todo mundo, para que juntos possamos combater este sistema ardiloso e excludente que só faz oprimir e explorar a classe trabalhadora.
O governo italiano vendeu-se para a máquina imperialista, trocando a felicidade dos trabalhadores por produtos eletrônicos que só fazem disfarçar a real situação de exploração da classe trabalhadora.
O Partido Comunista italiano gostaria de deixar claro que não irá se render e jamais abandonará o ideal comunista e a luta contra a máquina capitalista.

Auto-sabotagem do governo francês



O Partido Comunista Francês e as demais delegações que fazem parte do Kominform acusam o governo da França presente no Conselho de Segurança de auto-sabotagem, a fim de incriminar o Partido Comunista Francês. “O governo francês está desviando tropas pretensamente enviadas à Indochina para a Coréia”, afirmaram os representantes do Partido Comunista Francês. Esse ato é incoerente com a política e o discurso imperialista de recolonização, comprovando a subservência aos interesses do seu capital e confirma o medo dos representantes capitalistas de serem afetados por uma união vermelha na Coréia.

Imperialismo X Liberdade de Imprensa



A nação imperialista dos Estados Unidos da América tentou repetidamente reprimir a liberdade de imprensa, em seção do Conselho de Segurança da ONU. Seus delegados moveram moções a fim de retirar os jornalistas lá presentes. A iniciativa vai contra os princípios de todos os camaradas que prezam pelo direito da livre circulação e relato dos fatos ocorridos. A dita organização diz representar todas as nações e lutar pela paz e união entre as mesmas, porém ações como essas não parecem condizer com tais princípios.

Apelo aos camaradas



Os Delegados do Kominform, por meio deste jornal que os apóia e dá total liberdade de expressão, pedem que suas populações se conscientizem sobre a situação de conflito e abracem sua causa, de maneira a manter forte o alicerce da ideologia socialista. Deles partiu as seguintes declarações:


“Venho aos meios de comunicação pedir ao maravilhoso povo coreano cujo não concorda com a exploração imperialista que una-se à causa e aos verdadeiros valores em defesa da Coréia e contra o imperialismo japonês e a intransigência da ONU. Unam-se, camaradas!”
(Coréia do Norte)

“Camaradas, a atual situação na Península da Coréia é totalmente deplorável e condenável. O avanço das tropas imperialistas norte-americanas escondidas sob o disfarce de neutralidade da ONU reflete cada vez mais a tentativa de domínio do território. É necessário o apoio de todos os camaradas, dentro ou fora dos países sob o regime comunista. A Coréia do Norte se encontra desrespeitada pelos imperialistas. Qual a legitimidade de uma ação que vai contra a vontade de um povo de se unir?” (Tchecoslováquia)

“A República Popular da Romênia convoca os trabalhadores do mundo para a batalha. Vamos apoiar nossos camaradas coreanos e chineses contra o imperialismo. Trabalhadores do mundo, uni-vos” (Romênia)

Conselho de Segurança da ONU veta presença de Coréia do Norte



Os delegados dos Estados Unidos, Reino Unido e França vetaram o Documento de Resolução n° 1, que previa a participação da Coréia do Norte como país convidado e sem direito a voto, em seção do Conselho de Segurança da ONU para discutir questão acerca da Guerra entre a Coréia do Norte e Coréia do Sul. Em contrapartida ao veto, o Delegado da Coréia do Norte gentilmente cedeu uma entrevista ao nosso jornal:

Por que o camarada coreano gostaria de estar presente no Conselho de Segurança?
- Quando há uma reunião discutindo algo sobre o meu país, nada mais correto e justo do que estar presente para esclarecer minha posição em defesa das causas socialistas.

O veto faz confirmar a parcialidade do Conselho de Segurança para o lado capitalista?
- Com certeza. O veto não só confirma a parcialidade como também o medo da verdade, por parte dos países capitalistas, que a ideologia socialista carrega.

Críticas à ONU e ao Conselho de Segurança no Kominform



A Organização das Nações Unidas e o Conselho de Segurança estão sendo acusados de agir em defesa dos interesses capitalistas. A ONU, como um órgão internacional cujos princípios seriam salvaguardar a paz e a segurança internacionais, desenvolvendo relações amistosas entre todos os países, com base no respeito à igualdade e autonomia e que se diz democrático, está mostrando seu caráter de parcialidade nessa Guerra entre as Coréias. “O Conselho de Segurança está vendido às forças capitalistas”, disse a Delegada da União Soviética. O Delegado da Coréia do Norte afirma: “A ONU quer discutir e tentar uma possível solução de assuntos do meu país sem me convidar para essa reunião. É como se eu contratasse um arquiteto para reformar a sala da minha casa e ele, sem me consultar, reformasse o banheiro”.



Por Hanna Côrtes e Roberta Alves